Ofereceu-me hoje uma caixa com bombons lindos.
Sem podermos escolher, nascem.
Crescem algum tempo sem poder fazer muitas escolhas. Chega normalmente um momento em que já lhes é permitido escolher ter "autonomia financeira". Após isso, todas as escolhas lhes são permitidas! E então escolhem arranjar casa, escolhem o conteúdo desta. Depois escolhem ter electricidade, àgua canalizada, gas, telefone, televisão por cabo, internet. Muitos escolhem a casa longe, para a sua "autonomia financeira" não ser posta em causa. Com essa escolha, surge, naturalmente, a escolha de um veículo que lhes permita deslocarem-se, especialmente para o emprego que escolheram para lhes proporcionar a tão desejada "autonomia financeira". Algures neste percurso, sempre após o marco da "autonomia financeira", muitos escolhem ter filhos que irão crescer sem poder fazer grandes escolhas. De repente, tantas escolhas, livremente tomadas, dão-lhes uma estranha sensação de aprisionamento. Aparece a imagem de uma mudança de vida, o campo, a praia, enfim, a natureza, aquilo que sobraria se fosse possível retirar da Terra tudo o que passaram a vida a produzir para possuir e que afinal até não necessitam. Pensam em largar tudo, vender, oferecer e escolher mudar de vida. Voltam a pensar. Entusiasmados com a perspectiva da mudança, escolhem. A escolha é manterem-se na mesma vida, por causa dos compromissos das escolhas anteriores. claro, para manter a "autonomia financeira"... |