"Privatize-se tudo, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo… e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos."

José Saramago, Cadernos de Lanzarote – Diário III

 
Viu-me no pátio, como já tinha visto outros 2 pais segundos antes, e (é óbvio que tem uma irritaçãozinha comigo) diz primeiro para o ar: “Ai mas os pais não podem entrar aqui, quem é que está a deixar entrar os pais?”. Como a ignorei completamente, apesar de estarmos a menos de 10 metros, não resistiu e dirigiu-se directamente a mim: “Óh pai, o pai não pode estar aqui”. Apeteceu-me mais uma vez esclarecer que não é minha filha, pelo que tratar-me por pai, me incomoda.

Naturalmente adoraria que me irritasse, que a tratasse mal para se poder queixar. Mas não. Educadamente e com uma calma por certo irritante, esclareci-a de que tinha sido informado que até ao final desta primeira semana, os pais poderiam entrar com os filhos na escola. E ainda acrescentei, que não se preocupasse porque só tinha decidido entrar hoje, e que não estragaria nada.

Como seria de esperar de qualquer pessoa falsa, cínica, recalcada, veio a habitual frase idiota “Ah, então foi porque não me informaram. Óh pai, o pai não leve a mal”. Sorri para ela e descansei-a “Não, claro que não levo”.

Não levo a mal, acho um nojo estas invenções de pequeninas normas, para exercer pequeninos poderes.

 
Um pequeno passatempo: Ler com atenção e tentar preencher os espaços. Sim, 
Podem enviar as tentativas de solução pela caixa de comentário.
 
Acordar em Massamá, aparecer ao fim do dia na televisão a anunciar uma mentirosa equidade(*), e depois de um jantar modesto e económico, por certo, acabar tão feliz a cantar a "Nini". Que tristeza.

(*) equidade |qüi|
(latim aequitas, -atis)
s. f. s. f.
1. Igualdade.
2. Rectidão na maneira de agir. = IMPARCIALIDADE.
3. Reconhecimento dos direitos de cada um.
4. Justiça recta e natural.

Foto apanhada aqui
 
Amigo,
engonhar, engonhar, ter aquela conversa mole de que somos uns heróis porque temos aguentado os consecutivos roubos sem grandes protestos, que somos muito bem vistos "lá fora", por esse nosso amorfismo paralisante.
Mas claro, a coisa está muito má (e já todos deveríamos saber muito bem que foi porque somos uns esbanjadores, nós pessoas)  e por isso cá vai disto: tomem lá, ó heróis, com um aumento brutal da vossa contribuição para o sistema de segurança social que, já sabem, vos tem dado e dará cada vez menos de retorno.
Amigo (repito),
Dizer que :"O subsídio reposto será distribuído pelos doze meses de salário para acudir mais rapidamente às necessidades de gestão do orçamento familiar dos que auferem estes rendimentos. Neste sentido, o rendimento mensal disponível dos trabalhadores do sector público não será, por isso, alterado relativamente a este ano." é talvez um pouco difícil de entender. Acode mais rapidamente às necessidades, e nesse sentido o rendimento não sofrerá alteração?
Amigo Pedro, recomenda-se uma leitura atenta deste atentado à inteligência de quem ouve.
 
Que irá dizer o primeiro ministro daqui a menos de 3 horas?
Algo como isto?

"Dada a necessidade de equidade no esforço dos portugueses para recuperar o país do buraco de merda em que os sucessivos governantes o afundaram, decidimos:
Todos os portugueses têm à sua disposição um serviço que, facilmente a partir do seu telemóvel, poderão utilizar para ajudar o seu querido país.
Basta para tal enviar um sms com "EUQUEROAJUDAR" para número 2012.
De 1,000,000 em 1,000,000 sms's serão entregues subsídios de férias e de natal e 180 créditos com os quais poderão os contemplados obter uma licenciatura à sua escolha."

Se não for isto, será outra qualquer coisa absurda.